Cibersegurança portuguesa na Web Summit tem sotaque brasileiro
Uma empresa do Porto, formada por brasileiros, terá lugar de destaque no Web Summit de Lisboa. Trabalho com cibersegurança de sites, servidores e dispositivos ligado à Internet.
Quem for ao Web Summit disposto a conhecer as principais novidades tecnológicas do momento, dará de cara com o brasileiro David Silva, 31. É que nos intervalos do evento, ele aparecerá no telão, numa iniciativa Forty Words (40 palavras), em que alguns ciberempreendedores escolhidos explicam o que fazem, tendo como limite 40 palavras em 30 segundos.
Silva é presidente da empresa de cibersegurança CyberX, que se dedica ao hacking ético. “Nós testamos a segurança dos sistemas de qualquer empresa para encontrar as vulnerabilidades. Pode ser em sites, nos servidores ou em qualquer dispositivo conectado à Internet”, explica.
Além de Silva estar nos telões, a empresa dele terá um estande e se apresentará numa das sessões do Web Summit. “Terei dois minutos no palco, numa apresentação para investidores e clientes. Não pedirei investimentos. Mas, se alguém se interessar, pode falar conosco”, afirma.
Nesta sexta-feira (08/11), a CyberX participará da Recepção do Presidente, evento em que 120 startups portuguesas inscritas na feira de tecnologia se encontrarão com Marcelo Rebelo de Sousa. A empresa está dentro da representação portuguesa, porque, apesar de os sócios serem brasileiros, a empresa foi fundada no Porto, em 2021.
Natural de Resende, no Rio de Janeiro, e formado no Centro Universitário de Barra Mansa em Engenharia de Computação, com um ano e meio de intercâmbio por meio do Ciências sem Fronteiras na Mercer University, dos Estados Unidos, Silva tem experiência na segurança de sistemas de informática. “No Brasil, já fazia trabalhos como freelancer nessa área. Durante o mestrado, trabalhava como analista de segurança de sistemas para uma empresa portuguesa”, lembra.
Mestrado em Segurança
A constituição da empresa foi feita depois de Silva ter concluído o mestrado em Segurança Informática na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. “Comecei a trabalhar no Porto na minha área, mas não dava conta da demanda. Além disso, sempre tive vontade de ter uma empresa própria”, acrescenta. A startup tem uma estrutura enxuta e contrata pessoas especializadas conforme as tarefas que tem pela frente.
Para a formação da CyberX, o investimento inicial foi de 3 mil euros (R$ 18 mil). “O primeiro ano foi de prejuízos. Só depois começaram a surgir clientes. Fizemos algumas parcerias com empresas como a Fujitsu e a Shield Consulting, e o negócio foi crescendo. Atualmente, temos clientes em Portugal, Espanha, Reino Unido, Brasil e Estados Unidos, por enquanto”, ressalta. A entrada de um terceiro sócio só aconteceu em 2024.
No Web Summit, a CyberX foi convidada por ser considerada uma Startup de Impacto, empresa cuja atividade contribui para o cumprimento de algum dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “São objetivos como acabar com a pobreza, a defesa do meio ambiente e promover a paz. Nós fomos escolhidos por ajudarmos a promover a paz”, explica.
A CyberX vai apresentar no Web Summit uma novidade, o The O, produto voltado para governos e agências de inteligência, que tem como objetivo a detecção, com inteligência artificial (AI), de possíveis ataques terroristas. “Fazemos coleta de dados e análise em grupos da rede X (antigo Twitter), de WhatsApp e de outras redes sociais em qualquer linguagem, português, inglês, francês, russo”, conta.
Questionado a dar um exemplo de ataque terrorista, ele menciona o Brasil. “Quando aconteceu o atentado em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, com a invasão da Esplanada dos Ministérios, se a nossa ferramenta existisse, faria o cálculo da probabilidade e o governo teria condições de prever o acontecimento”, relata. O programa já chamou a atenção de governos, e ele tem reunião com o chefe da inteligência de Israel.