Brasileiros e portugueses anunciam investimentos em “carros elétricos voadores”
Oeiras e Cascais são locais onde empresas estão com grupos de trabalho para o desenvolvimento de aeronaves elétricas com decolagem vertical. Embraer tem recursos para início das operações até 2030.
A mobilidade aérea passa por grandes transformações, com brasileiros e portugueses se destacando, especialmente no desenvolvimento do veículo elétrico de decolagem vertical, o eVTOL, o "carro voador". O município de Oeiras formalizou um protocolo com o consórcio Magellan 500 para a implantação de um projeto de mobilidade elétrica aérea na região.
O projeto destina-se ao transporte de passageiros e envolve a instalação de vertiportos (espécie de heliporto especial) como base para as aeronaves eVTOL — veículos elétricos com decolagem vertical. Além de Oeiras, estão sendo realizados estudos em Cascais, onde a portuguesa Helibravo Helicópteros e a brasileira Flapper já iniciaram entendimentos com a Embraer para o desenvolvimento do projeto, previsto para operar regularmente até 2030.
A Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves no mundo, anunciou, na semana passada, a segunda parcela, de R$ 200 milhões (31,7 milhões de euros), de um financiamento concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) totalizando R$ 490 milhões (77,7 milhões de euros) para a implantação do "carro voador".
A tecnologia, conforme representantes do Concelho de Oeiras, surgiu graças aos grandes avanços na propulsão elétrica e à crescente necessidade de novos veículos para a mobilidade aérea urbana. A previsão é de que o sistema esteja em funcionamento dentro de seis anos.
Segundo o empresário João Feio, da Helibravo, “o projeto destaca os benefícios das aeronaves elétricas, que têm impacto positivo no meio ambiente e produzem menos ruído”. Ele esclarece, contudo, que, para começar a operar, necessita da certificação da União Europeia, além da aceitação pública em voar nesses equipamentos, após testes e demonstrações.
Embraer
Comunicado da Embraer ressalta que o financiamento do projeto da Eve Air Mobility, do grupo brasileiro, terá recursos do Fundo do Clima do BNDES e será destinado à fabricação dos próximos protótipos da aeronave. Em seguida, os recursos serão investidos na fabricação do veículo comercial, além de aplicados em testes da aeronave.
O diretor da Intercontinental Aviation Enterprise (IAE), nos Emirados Árabes, o português Frederico Fernandes, especialista em aviação, esteve na semana passada em Lisboa, onde participou de evento sobre o veículo aéreo vertical, oportunidade em que assegurou que, em breve, Portugal e a Europa utilizarão em grande escala os eVTOL.
Segundo Fernandes, a perspectiva atual aponta para “a entrada desses equipamentos definitivamente no ecossistema de mobilidade aérea”, especialmente depois do anúncio de implantação do novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete, “o qual terá uma necessidade maior de conexão". Ele assegura que os parceiros portugueses e brasileiros têm sido essenciais na visão da empresa para a Mobilidade Aérea Avançada (AAM).
Em nota, o presidente da Eve, Johann Bordais, diz que “o apoio contínuo do BNDES é fundamental para o avanço do programa de eVTOL" da empresa, assim como para "a transição do desenvolvimento do protótipo para a certificação e a produção”, que será montado em Taubaté, São Paulo.
Para o empresário, o financiamento fortalece ainda mais a posição financeira da Eve e fornece os recursos necessários para se atingir marcos principais do projeto, incluindo a certificação e a comercialização do eVTOL fabricado pela companhia.
A Agência Nacional de Aviação Civil do Brasil (ANAC) publicou, recentemente, os critérios finais de aeronavegabilidade para o eVTOL da Eve, um passo crucial para a certificação. Além disso, segue um período de consulta pública, o que permitirá que a empresa prossiga com a definição dos meios para legalização defintiva para o veículo junto ao órgão regulador.
Presidente do BNDES, Aloízio Mercadante tem dito que, depois de financiar a primeira fase do desenvolvimento do veículo voador, a instituição apoiará a segunda etapa, que culminará com a versão final a ser comercializada. Segundo ele, além de apoiar um projeto inovador, o banco está investindo "em uma indústria de tecnologia disruptiva, que também é verde, contribuindo para o fortalecimento da indústria nacional no mercado mundial e para a transição energética”. Ao todo, o banco já aprovou, neste ano, R$ 700 milhões (111,1 milhões de euros)para a produção da aeronave.