Portugal virou casa: Porchat volta com teatro, TV e turnê europeia

Fábio Porchat celebra dez anos de ligação com Portugal, onde estreia peça, grava programas e prepara nova leva de projetos com sotaque luso-brasileiro.

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As atrizes Maria Clara Gueiros, Júlia Rabello e Priscila Castello Branco integram o elenco de Agora é que são elas, peça escrita por Fábio Porchat, com estreia em setembro Pino Gomes
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O humorista e apresentador Fábio Porchat, que estreou recentemente a segunda temporada do programa Se como e bebo, por acaso trabalho!, na RTP1, se prepara para cruzar o Atlântico mais uma vez. O diretor e autor de Agora é que são elas acompanhará a estreia da peça em Portugal.

O elenco da comédia, formado pelas atrizes Maria Clara Gueiros, Júlia Rabello e Priscila Castello Branco, subirá aos palcos lusitanos nos dias 18 (Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria), 20 (Universidade de Lisboa) e 23 (Teatro Sá Bandeira, no Porto) de setembro.

Em entrevista ao PÚBLICO Brasil, além de Agora é que são elas, ele fala sobre a turnê que fará pela Europa com o stand-up comedy Histórias do Porchat e sobre os seus novos projetos, principalmente em Portugal, país que já se tornou uma segunda casa para o carioca de 41 anos.

Como foi a escolha do trio Julia Rabello, Maria Clara Gueiros e Priscila Castello Branco?

O trio foi uma provocação que, na verdade, a Priscila me fez. Ela falou: ‘Poxa, estava querendo fazer alguma coisa no teatro’. Foi quando me dei conta que havia poucas peças de esquetes e o Brasil adora esse tipo de comédia. O Rio de Janeiro, principalmente, nos anos 90, tinha uma tradição com grandes nomes como Miguel Falabella e Pedro Cardoso, logo depois a Ingrid Guimarães, a Heloísa Périssé, aí falei com a Priscila: ‘Vamos atrás de mais duas pessoas’. Pensei na Maria Clara, uma pessoa para quem eu já escrevi no Zorra Total, e que eu acho muito engraçada, já fiz um filme com ela, e pensei na Julia, que é uma parceira de Porta dos Fundos que domina a arte do esquete. Então, achei um trio perfeito, ainda mais porque são três gerações diferentes de comediantes, achei que podia dar uma liga e a sorte foi que deu. Eu já sabia que elas eram engraçadas e talentosas, que iam fazer isso muito bem, isso eu tinha certeza, mas, como a química entre elas ia funcionar, isso me deixou mais feliz, porque funcionou e deu super certo.

E a criação das esquetes para a peça Agora é que são elas?

Na verdade, escrevi três desses esquetes há 21 anos, quando eu fiz a minha estreia no teatro. São esquetes que eu tinha na gaveta há muitos anos. Eu sentei com as três atrizes do espetáculo e a gente leu e selecionou três. E, sabendo quem eram as atrizes, eu comecei a elaborar textos novos já pensando nelas. É muito bom quando a gente consegue escrever tendo na cabeça a voz dessas pessoas. Eu já escrevi pensando no tipo de vocabulário da Maria Clara, da Julia Rabello, com quem eu trabalhei muito no Porta dos Fundos, e da Priscila Castello Branco, com quem eu vivo e assisto bastante no teatro. E o que eu tentei pensar foram cenas do cotidiano, do dia a dia, cenas em as pessoas vão se identificar. O mais importante numa peça de esquetes de humor é o público se identificar com aquilo ou se reconhecer ou conhecer alguém que é exatamente daquele jeito.

Você lota os teatros em Portugal com suas apresentações. Acha que com a peça Agora é que são elas vai repetir o sucesso?

Eu estou torcendo para que o público português, que adora me assistir no teatro, queira ver também coisas que eu escrevi e dirigi. E acho que sim, pelas vendas que já começaram a acontecer, vejo que há uma aceitação muito grande pela minha comédia em Portugal. Há uma relação que eu criei com o país, de pelo menos dez anos, e estou muito feliz com isso. Tenho certeza que os portugueses que gostam de mim, que gostam do meu trabalho, vão gostar do espetáculo. A minha alma está nessa peça.

O Guia Porchat já tem data de estreia? Como foi gravar esse programa em Portugal?

O Guia Porchat estreia neste segundo semestre, e é um programa gastronômico, onde eu vou atrás de lugares por todo Portugal, de Norte a Sul, que tenham a comida mais saborosa, mais gostosa. O ponto de partida são os restaurantes com estrela Michelin. A partir deles, eu vou nas tascas, eu vou na casa das pessoas que cozinham, a brincadeira é essa, é um pouco conhecer a culinária portuguesa da alta gastronomia até a mais tradicional. Isso foi delicioso gravar.

Qual é a diferença entre o Só como e bebo, por acaso, trabalho! e o Guia Porchat?

Só como e bebo, por acaso, trabalho! é uma espécie de talk show, uma conversa, um bate papo. Eu recebo quatro convidados, sento à mesa e a gente conversa sobre um tema específico. Então, o tema pode ser saudade, morte. É uma parceria muito bacana que eu fiz com a RTP. O realizador de ambos os programas é o Ivan Dias, que pensa nos projetos, dirige e faz a minha interlocução com a emissora portuguesa. É um cara que virou um parceiro, um grande amigo, talentoso, mas muito boa gente também, muito fácil de trabalhar, e eu gosto assim, de estar em Portugal comendo, bebendo e dando risada.

Você já declarou várias vezes que ama Portugal. O que te encanta tanto no país?

O que me encanta em Portugal é uma combinação. A gente sempre fala da comida portuguesa, que, para mim, é a melhor do mundo, mas eu não vou contar que é a brasileira porque eu sou suspeito (risos). Mas acho a culinária portuguesa muito melhor que a italiana, a francesa, a espanhola não tem nem comparação. E eu gosto dos portugueses, acho o povo português interessante. Eu amo as velhinhas das aldeias, eu gosto de me relacionar com essas pessoas e acho que o público português encontra uma interlocução comigo. Eu me sinto muito à vontade, eu me sinto muito em casa em Portugal. E, claro, como moro no Brasil, poder passar dois meses trabalhando e vivendo, em Portugal, é uma coisa que me encanta. E eu também sou apaixonado por fado. Sempre vou assistir aqueles fados de verdade mesmo. O português me encanta pela comida, pela música, pela gente, ou seja, pela paisagem, por um todo.

Tem algum projeto novo no Brasil?

Eu vou rodar um filme no final do ano chamado Amigos é para essas coisas, uma comédia que eu escrevi e faço como ator também. A minha peça Histórias do Porchat está em turnê de despedida, viajando pelo Brasil e pelo mundo, então, tenho uma excursão pela Europa, em setembro. Eu fico em Portugal durante uma semana, com as meninas, e, na outra, já vou para Berlim, Amsterdã, Bruxelas, Munique. Eu lanço também a nova temporada do Porta Afora, meu programa de viagens do Porta dos Fundos, e um programa novo chamado Fábio Entrevista Sua Mãe, em que eu converso com a mãe de atores, cantores, junto com as pessoas, para um papo mais emocionante até do que engraçado, mas que promete ser muito bacana. Além de estar sempre fazendo esquetes do Porta dos Fundos, que não para, e de apresentar o Que história é essa, Porchat?