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Num mundo cada vez mais complexo, "as talentas" fazem a diferença, diz Beia Carvalho

A brasileira Beia Carvalho ​lança o neologismo como provocação ao fato de que, quando se fala de talentos, só se pensa em homens.

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A futurista e palestrante Beia Carvalho arrancou aplausos da plateia em um evento realizado recentemente no Porto. Numa de suas intervenções no debate que tratava sobre a necessidade de talentos num mundo cada vez mais complexo, ela disparou: "O mundo está precisando de talentas". O neologismo nasceu do inconformismo da brasileira. Para ela, quando se fala de talentos, a primeira imagem que vem na cabeça das pessoas é de um homem, nunca de uma mulher.

A provocação de Beia levou um dos presentes no Diáspora Prime Portugal, Gonçalo Terenas, a criar um projeto que fomentasse a discussão em torno das "talentas". E nasceu o Beia  & Friends, um talk show em que mulheres de destaque nas áreas que atuam contam suas histórias e mostram como superaram as barreiras impostas por um sociedade patriarcal. A primeira edição, com as participações de Paula Russo, head de inovação da alemã Emma, e Ana Rodrigo, à frente da Academia da Confederação das Indústrias Portuguesas (CIP), está marcada para 14 de outubro.

Beia conta que, desde que lançou o termo "talentas", tem sido indagada por várias pessoas. Mas, antes de expor seu pensamento, ela devolve a pergunta. "Questiono as pessoas sobre como elas veem a expressão. Algumas me dizem que é uma provocação. Outras, que não sabem o que pensam ou associam o termo à inclusão. E há aquelas que acham o oposto, que a palavra 'talentas' não inclui a comunidade LGBTQIA+, que poderia ser 'talentes', abarcando 'todes'. Acredito que esse neologismo nos faz refletir", ressalta.

Na avaliação da brasileira, o fato de a expressão gerar polêmica, curiosidade e discussão confirma a necessidade do debate. "Apesar de a palavra talento ser de gênero neutro, no mercado corporativo, quando você fala em talentos, na cabeça de cada pessoa da empresa vem a imagem de um homem. Eu gosto da palavra 'talentas' porque ela ilumina um assunto que tem a ver com todos os mercados no mundo todo. Em alguns países e empresas, as coisas são um pouco melhores, mas, em nenhum lugar a mulher está nadando de braçada", frisa.

Para Beia, as respostas a seu questionamento podem ser muitas, por isso, a importância de se debater com quem está no campo, na luta do dia a dia. "Queremos aprender, porque, quanto mais pessoas diversas pensam no mesmo problema, mais rápido e melhor virá a solução", assinala. "No século 21, estamos nomeando atitudes, assuntos, sentimentos, invisibilizados. Então, quando nomeamos algo, damos visibilidade. Por isso, as palavras importam", complementa.

Em relação ao tema mais presente em suas palestras, o futurismo, Beia discorre sobre comportamento. "Dentro do futurismo, falo que estamos vivendo na terceira década do século 21 e todos nós, como pessoas, famílias, instituições e empresas, pensamos e agimos como se estivéssemos no século 20. Então, traço comparações entre esses comportamentos com exemplos lúdicos para trazer uma obviedade ao assunto de forma séria e leve", explica.