Avanço da cibersegurança em Portugal abre espaço para profissionais brasileiros
Com a necessidade cada vez maior de proteção por parte de empresas e pessoas físicas, segurança online movimentou 371 milhões de euros no país em 2024. Profissionais da área têm mercado promissor.
O investimento em cibersegurança em Portugal atingiu 371 milhões de euros em 2024, segundo números da International Data Corporation (IDC). O valor representa um crescimento de 10% em relação ao ano anterior e confirma o potencial de expansão do setor, avalia o consultor executivo em cibersegurança Matheus Reis, carioca e co-fundador da empresa CyberX — The Ethical Hacking Services, criada no Porto em 2021. Segundo ele, esse retrospecto é uma porta de entrada na Europa para profissionais de tecnologia brasileiros.
Na visão do consultor, as empresas precisam investir cada vez mais em tecnologia para se manterem competitivas, e essa injeção de recursos tem de incluir a cibersegurança e o conhecimento de um vocabulário com expressões como SOC-as-a-Service e gestão de vulnerabilidades, dentre outras, explica Matheus. Ele alerta que manter a segurança contra ataques digitais, inclusive por parte de pessoas físicas, é essencial para evitar prejuízos financeiros e de credibilidade nas empresas.
Somente no segundo trimestre de 2025, Portugal registrou mais de 2 milhões de ciberameaças (19,4% dos utilizadores de internet), segundo o Boletim de Segurança da Kaspersky. O país ocupa a 41ª posição no ranking global de exposição a ameaças online.
A trajetória profissional de Matheus começou no Brasil, quando, ainda muito jovem, serviu à Marinha e lá trabalhou por cinco anos em funções ligadas à tecnologia, segurança da informação e secretariado. Após alguns anos, formado em administração e pós-graduado em gerenciamento de projetos estratégicos, ele decidiu apostar na Europa.
“Quando cheguei a Portugal, já tinha clareza de que queria continuar na área de cibersegurança. No entanto, os primeiros meses foram dedicados a estudar o mercado europeu, compreender as particularidades legais e regulatórias, e estabelecer contatos estratégicos. Não precisei atuar em outras áreas, mas houve uma fase de adaptação e muito planejamento antes de fundar a empresa”, conta ele.
Digitalização acelerada
Entre os desafios enfrentados, Matheus cita a distância da família e a adaptação à cultura local. Embora a língua portuguesa seja comum aos dois países, ele destaca diferenças no ritmo empresarial. “Ao chegar, escolhi a cidade do Porto, para estar próximo do ecossistema empresarial e tecnológico. Hoje, resido em Vila do Conde (distrito do Porto), que se tornou a base das minhas atividades e possui um ritmo de vida mais tranquilo”, afirma.
Quatro anos após a fundação, a CyberX tem clientes em países como Estados Unidos, Qatar, Espanha e Reino Unido, segundo ele informa. “No início, foi preciso ganhar a confiança de empresas estrangeiras”, ressalta Matheus, que hoje lidera um time multicultural, com destaque para profissionais brasileiros de tecnologia.
O empreendedor afiança que Portugal se beneficia do processo acelerado de digitalização, mas ainda tem espaço para avançar nas políticas de proteção de dados. Ele acredita que o país funciona como um hub estratégico para negócios globais, onde os brasileiros têm um mercado promissor para explorar, por sua capacidade de adaptação, talento e criatividade.
“Os brasileiros que querem empreender em Portugal devem vir preparados e com o visto adequado. É essencial estudar o mercado, entender as exigências legais, adaptar o modelo de negócio à realidade portuguesa e, sobretudo, ter resiliência. Empreender em outro país exige paciência, disciplina e capacidade de criar conexões sólidas”, receita.