Ser mãe é um grande desafio. Mas ser mãe de um filho ou filha trans pode parecer, à primeira vista, ainda mais desafiador. Surgem medos, inseguranças, dúvidas: “Será que estou agindo certo?”, “Devo apoiar ou repreender?”, “Como será a reação da família?”, “Estou preparada para isso?”.
Quero te dizer uma coisa, mãe: coloque o amor na frente de tudo. Antes de qualquer julgamento, medo ou incerteza, seja mãe. Sabemos que não está sendo fácil para você lidar com tantas emoções. Mas tente imaginar como é para quem vive essa realidade em sua totalidade. Ser uma pessoa trans vai além do que muitos conseguem compreender — e talvez, por isso mesmo, se assemelhe tanto ao amor de uma mãe, um amor que ultrapassa razão, regras ou expectativas.
Acolher e amar um filho ou filha trans é, sem dúvida, a escolha mais acertada — para você e para ele. Quando minha mãe me acolheu, eu me senti protegida, amada, respeitada e, acima de tudo, entendida. Esse acolhimento transformou o rumo da minha vida, na forma como encarei o mundo, nos caminhos que escolhi e na força que encontrei para construir meu próprio espaço, como a criação da minha marca de lingerie trans, a Tlovet.
Desde então, tenho recebido inúmeras mensagens de mães de pessoas trans. Cada história carrega suas próprias dores e descobertas, mas todas têm algo em comum: o amor que foi capaz de quebrar barreiras, curar feridas e reconstruir laços que o preconceito quase destruiu. É por isso que digo, com toda certeza: o amor é a maior prova de que Deus existe.
Se você é uma mãe que está vivendo esse processo em casa, saiba que você não está fazendo nada de errado ao apoiar seu filho ou filha. Errado é quem tenta convencê-la do contrário. Nós não escolhemos ser assim — mas temos o direito de sermos quem somos. E eu garanto: não sou uma pessoa pior por ser trans. Pelo contrário, me tornei mais empática, mais carinhosa, mais humana.
Hoje, escrevo para que todas as mães arco-íris saibam que o amor de vocês pode salvar vidas. Que vocês são parte essencial na construção de um mundo mais justo, mais livre e mais amoroso.
Neste Dia das Mães (4 de maio), desejo um abraço apertado e cheio de orgulho a todas vocês, mas, em especial, às mães guerreiras, às mães arco-íris, que aprenderam a amar acima de qualquer diversidade ou contrariedade. Porque só vocês sabem o que é sentir esse amor que começa no ventre e nunca mais termina.
Feliz Dia das Mães!