A Matuta, que nasceu digital, fisga a clientela com temperos mineiros em Lisboa
Ideia de uma publicitária brasileira, que vive há sete anos em Portugal, projeto, agora com loja física, completa cinco anos com muito pão de queijo, bolos, e cafés no centro da capital portuguesa.
O final do curso de Gestão e Produção de Confeitaria, da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa (EHTL), a cozinha afetiva das duas avós e a vontade de empreender. Jogue esses itens em uma panela de barro, num forno a lenha, deixe os acordes da Música Popular Brasileira adentrarem a casa e, pronto: está servida a Matuta, Quitandeira Mineira, que completa cinco anos e é a filha e a paixão da publicitária Eduarda Meireles, 32 anos.
Os primeiros suspiros da Matuta chegaram online, em um projeto de venda de bolos e doces, após o curso na EHTL. Vieram a pandemia, as incertezas mas, por outro lado, o desafio em levar adiante o projeto. Não demorou muito, brotaram as receitas e a criatividade bem brasileiras, a temperar os dias, meses e anos do negócio. Junto, chegaram os clientes, que deram força à Matuta. E de um link na internet, em 2020, à construção da loja, no ano passado, rolaram muitas histórias e afetos.
Eduarda vive há sete anos em Portugal, e é direta: “A Matuta não é só um lugar para se comer bem. É um espaço de acolhimento, de memória, de identidade. Cada receita carrega uma história, e cada cliente leva um pedaço de Minas Gerais no coração de Lisboa”, diz.
Experiências afetivas
O objetivo vai além do sabor, é oferecer aos clientes experiências afetivas, encontros verdadeiros e uma ponte viva entre culturas. “Lisboa tem nos recebido com braços abertos, e é uma alegria retribuir esse carinho com comida feita de alma”, afirma a empreendedora.
Ela é de Minas Gerais e a decoração, dos quadros na parede ao fogão, remetem à terra de Ary Barroso, Beto Guedes, Ana Carolina e Clara Nunes. "É, sem dúvidas, a casa mais mineira da freguesia de Penha de França, no Centro de Lisboa", ressalta.
Pega-se o cardápio e lá estão: pão de queijo com recheio salgado ou doce, bolos de mandioca, pamonha, milho, laranja, brigadeiro e côco, além de cerveja, cachaça e café, que não poderia faltar na casa de uma jovem nascida em Patrocínio, considerada a "terra do café".
Clientes de vários países
Os quitutes variam de acordo com os frutos predominantes no verão, outono, primavera ou inverno e já são conhecidos dos mais de 5 mil seguidores no Instagram (@ma.tuta). Fora das redes sociais, os apreciadores de uma comidinha caseira, sejam brasileiros, portugueses ou pessoas de outras nacionalidades, já os saboreiam em festas e associações culturais locais desde 2020. Tudo obra da neta de dona Celica e dona Dalva.
“O nome carrega essência, memória e identidade. Matuta é como se chama a pessoa vinda do interior, da roça, com aquele jeito simples, genuíno e cheio de história pra contar. É esse espírito que a marca transmite: a culinária de raiz, feita com alma, com sabores que remetem à infância, às avós, ao fogão e à lenha”, acrescenta a publicitária.
A criatividade não está presente apenas nos paladares: a loja começa a se transformar em um ponto de encontro regado a trocas e celebrações. Por isso, Eduarda já anuncia o happy hour às sextas-feiras (batizado de "Terapia de Grupo"), o bingo quinzenal, com direito a sorteio de frango assado, jogo de copos e pano de prato, a degustação de cachaças artesanais e o "Tindómodro", voltado a encontros românticos.
A empreendedora não descarta voos mais longos, mas mantém dos dois pés no chão. “Sonhar faz parte, e a expansão da Matuta é um desejo real. Mas, neste momento, meu foco está totalmente voltado para Lisboa, especialmente, para a Penha de França. Quero consolidar bem esse primeiro espaço, criar raízes fortes antes de pensar em voos mais longos. A Matuta merece crescer com cuidado e coerência”, sublinha a empreendedora.