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Escritora e psicanalista
O mais vergonhoso para mim, imigrante brasileira, é a postura dos meus conterrâneos que votaram no Chega, achando que são a elite de um sistema migratório de castas, em que os párias são os outros.
Numa epifania pluralista, saudamos caboclos, pretos velhos, crianças, povo da rua, todo panteão de orixás que atestam a maravilha do encontro entre expressões de fé oriundas de três continentes.
A solução democrática, sempre desafiadora, é buscar vias de diálogo que respeitem a complexidade das sociedades, apesar da inevitável tensão suscitada pelos conflitos ou discordâncias.
Nenhum de nós está livre do risco de cometer violências em nome de um Ideal que nos capture, inconscientemente, num momento de vulnerabilidade. É preciso atentarmos para esse perigo.
É um espanto que um menino de 12 anos receba, num grupo de WhatsApp, uma figurinha perturbadora: a foto de Adolf Hitler fazendo o gesto do hang loose — uma saudação comum entre os surfistas.
Há uma crise a ser enfrentada, de cunho social, econômico, ambiental, migratório. Mas, no fim do dia, nada justifica que os vigaristas possam vencer a disputa entre o bem e o mal.
Atualmente, a defesa dos princípios civilizatórios, como a busca pelo bem comum e o respeito à alteridade, pode soar ingênua ou até anacrônica. Mas é preciso seguir nadando, mesmo contra a corrente.
Nem sempre é fácil arrancar as raízes sociais e culturais do território de origem para plantar novas raízes no território de destino, frequentemente inóspito para os imigrantes.
Quem define a hierarquia entre os bichos que merecem comer de graça?
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