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Cantor e compositor
Decidiu-se, por decreto-lei, que o campo era, agora, moradia apenas de milho branco. O povo deveria viver amontoado debaixo da ponte 25 de Abril.
Duvido que o português, ao assumir que foi transformado genética e culturalmente pelos povos colonizados, não possa, afinal, encontrar a carta náutica para o caminho da cura, da falta de alegria.
Boto fé na coragem dos emigrantes portugueses e paquistaneses, persas e poloneses, peruanos e piauienses. Boto fé na alegria que basta ter boca, sol e dentes para brilhar e sorrir.
O projeto de minar o ensino fundamental no Brasil para criar um curral eleitoral formou o pobre de direita, que já não sonha em ser patrão, mas se contenta em ser um “pet” de estimação de fascistas.
Mesmo sendo 10% da população de Portugal, os lusos-brasileiros e os portugueses-africanos não estão representados politicamente, nem entre os partidos de esquerda.
O português é tão misturado quanto o nosso genoma, rico em vocabulário indígena e africano. E é justamente este o português que ganhou escala, com aproximadamente 300 milhões de falantes.
Os “Zés” brasileiros que constroem o país e lutam pelo direito de existir. A população negra representa 57% dos cidadãos do Brasil.
A cultura de um país se fortalece quando tiramos o véu de parte da nossa história que a sociedade morre de medo de contar. Ganhamos como povo, repensamos e reafirmamos nossas tradições comuns.
Tomara que, diante do circo de horrores que foi a posse de Donald Trump nos EUA, possamos encontrar várias feiras de troca para substituirmos as redes sociais pelo sentido mais amplo de comunidade.
Ainda Estou Aqui é uma chance para que o mundo que fala inglês perceba como pode ser transformador se aproximar da cultura do outro, ganhar camadas de saberes ao conhecer o desconhecido.
Continuo acreditando na rapaziada, na comunidade, na fé maior que as religiões, nas cantigas do cancioneiro popular e numas belas garrafas de boas bolhas para serem partilhadas com os amigos de fé.
Os indianos, nepaleses, paquistaneses, bangladeshianos, africanos e brasileiros, da mesma forma, devem ser integrados e respeitados pela comunidade portuguesa e lusófona.
A capoeira, com sua poesia, é a linguagem que abraça locais e a comunidade migrante, pois nos reconecta com a nossa ancestralidade.
Talvez, o caminho seja a construção de uma pequena sociedade alternativa, uma aldeia, com amigos de fé, irmãos camaradas, para viver, confortavelmente, em quatro quarteirões, longe de Trumps e Musks.
O fundamentalismo nas áreas da arte, da música, em especial, é um desserviço, pois abandonamos a comunidade, as tradições comuns, em favor do divanismo e do egocentrismo.
A cultura deve ser sempre vista como uma atividade econômica ordinária, uma profissão que deve gerar sustentabilidade diária aos artistas e a seus produtores.
Só Ney Matogrosso é capaz de fazer o mais conservador dos portugueses sonhar com a cidadania brasileira e sair do armário.
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